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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

A Mala


Após escurecer e o centro ser muito longe da nossa casa, Diego e eu decidimos que já estava na hora de voltar.
Entramos no ônibus 55 que nos levava direto para casa.
Como era um longo caminho, subimos para o segundo andar; adoramos ficar na janela da frente aproveitando o passeio, mas como sempre esses lugares estavam ocupados.
Ônibus que sai ou vem do centro é assim, lotado.
Vimos no meio lugares vazios, não pensamos duas vezes e sentamos ali.
Em nossa frente tinha uma mala no assento, mas ninguém ao seu lado.
Tinha algumas pessoas em volta, mas ninguém olhava ou tocava na mala.
Meu coração acelerou. “E se não for uma mala qualquer?", esse era meu pensamento.
- Sabe Linda, essa mala é intrigante, quem será o dono dela? Será que tem bomba dentro?, me disse o Diego.
- Eu estava pensando nisso, com essa onda de terrorismo pela Europa é estranho essa mala sozinha, cadê esse dono(a)?, respondi.
Olhamos em volta para procurar se alguém ao menos observava a mala, até que vi alguém olhando para a sua direção.
Eu falei:
- Deve ser essa pessoa a dona da mala. 
No próximo ponto a pessoa que eu achava que era, desceu.
Comecei a suar, o coração a bater mais rápido e pensar em vários desastres.
Enquanto isso o Diego não parava de falar sobre ela, atiçando mais ainda minha imaginação.
Ele também não estava passando bem, era sufocante a sensação que estávamos tendo.
Quem olhasse de fora, veria duas pessoas com olhos arregalados, inquietos e preocupados, dois “loucos".
Em um surto falei:
- Pelo amor de Deus! Se passaram vários pontos e ninguém desce com essa mala, vamos sair desse ônibus! E se explodir? Se ficarmos deformados ou morrermos?
- Concordo! Vamos sair, disse o Diego.
Sei que estava frio do lado de fora, mas eu estava transpirando tanto que sentia calor, acho que tivemos uma espécie de pânico.
Quando descemos, ficamos mais aliviados.
Ao olharmos para o lado, vimos a mala fora do onibus também.
- Meu Deus! A mala! Diego falou.
Para a nossa sorte, pertencia a uma família que estava espalhada no ônibus; eu tinha os vistos, mas achava que estavam separados, já que ninguém se falava ou ao menos se olhava.
Ufa! Mesmo sabendo que dois adolescentes e um senhor parecem inofensivos, a sensação que tivemos  foi horrível; queríamos também sair do ponto para não vê-la mais.
Olha só que o terrorismo faz com a pessoa!
Imagina as pessoas que sofreram realmente um atentado? 
O episódio pode até ser engraçado, mas jamais esqueceremos o pânico que sentimos. 


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Descobrindo um velho e novo eu


Com o meu curso de escrita, começando senti necessidade de compartilhar a minha felicidade e minha experiência de me sentir ótima, quando trabalhamos com algo que gostamos.
Esse curso foi escolhido a dedo em uma das buscas pela internet.
Envolvida cada vez mais com o meu livro e a revista em que publico meus artigos precisava de algo que alimentasse mais a minha “ânsia” de escrever.
Sempre tive aptidão pela escrita. Sou formada em Comunicação Social (Publicidade e Propaganda) e pós  graduada em Marketing, mas me descobri nesse meio a pouco tempo.
Eu me via e continuo me vendo como aquela pessoa que se expressa incontrolavelmente através da escrita, desde pequena.
Ganhei do meu pai meu primeiro diário aos 8 anos de idade. Na verdade eu lia e via nos gibizinhos da Luluzinha que ela tinha o hábito de escrever em diários; queria fazer exatamente o que ela fazia!
A partir dessa idade eu jamais parei de escrever em diários: sentimentos, idéias, viagens, pessoas etc.


Com esse curso me sinto livre; é maravilhosa a sensação de trocar ideias com diversas pessoas diferentes em sua aparência e profissões, mas com o mesmo ideal, de aprender técnicas peculiares em como escrever livros.
Em um dos exercícios em classe a professora Maggie, pediu para que os alunos escolham e leiam um livro durante o período do curso para que todos nos possamos discutir em sala de aula.
Escolhi um livro que ja estava lendo, "THE VET’S DAUGHTER", da autora Barbara Comyns.
A professora também pediu para identificar cenas marcantes do livro, que prendem a atenção do leitor, além de identificar também cenas que disvirtuam a concentração.
Não sei quanto a vocês mas gosto de livro de mistérios, que tenham sempre algo de sobrenatural no ar.
Apesar de parecer um livro que tem personagens bastante comuns, como o pai amargo que despreza a familia, a filha doce de 17 anos, a mãe sofrida e infeliz pelo marido e a madrasta estranha e intrigante, a história tem um segredo que só no final do livro será descoberto.
Uma cena que marcou a minha leitura foi quando a madrasta de Alice, se fazendo de amiga, a leva com um homem desconhecido para um hotel.
Este homem desconhecido agarra Alice e a tranca em um quarto, tentando agarra-la e estupra-la.
Existe uma luta entre os dois personagens, agoniante que descreve o desespero de Alice ao se defender.
Claro que não contei em detalhes ou expliquei sobre o por que eles estavam indo para o hotel. Prefiro que leiam.
Estou quase no final e ainda nao encontrei uma parte que disvirtuasse a minha atenção, por isso o recomendo.
A autora é uma escritora inglesa, nascida em 1909, foi educada principalmente pela governanta, até que ela foi para a escola de arte em Stratford-Upon- Avon em Londres.
Ela começou a escrever ficção em seus dez anos de idade. Seu primeiro romance, "Sisters by a River", foi publicado em 1947.
Por enquanto escreverei apenas isso. Com o decorrer do tempo, escreverei mais respeito do livro e curso , de acordo com minha necessidade de compartilhar minhas experiências.


quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Sistema Público de Saúde - Reino Unido


Fique esperto você que está decidido morar na Inglaterra e pensando em utilizar o serviço público de saúde; não é tão simples quanto parece!
Mesmo você que tem dupla cidadania, com passaporte europeu, não se engane! Isso não facilitará muito.
Como ninguém sabe o seu histórico, se prepare para uma série de perguntas, formulários e cadastros a serem respondidos.

Parte1
Quando decidimos vir para Londres lembro que eu comentei com o Diego a respeito do sistema de saúde da Inglaterra.
Eu precisava muito ter um acompanhamento médico já que eu tinha passado por uma cirurgia delicada recente.
O Diego por sua vez me acalmou dizendo que tudo daria certo, em menos de um mês teria um acompanhamento médico.
Ao chegar, uma das primeiras coisas que eu fiz  foi procurar saber sobre o sistema de saúde público, o GP (General Practitioner).
Eu tive que mostrar um monte de documentos pessoais para comprovar que eu tinha direito, como qualquer cidadã que mora no país.
Mas o buraco é muito mais embaixo do que eu pensei; tive que abrir uma conta no banco que no começo não foi simples, só assim comprovaria alguma coisa minha.
É difícil imaginar o que nós passamos por aqui mas nessas idas e vindas ao GP e ao banco, levamos uns 4 meses tentando.
Assim que consegui comprovar meus direitos, queria marcar uma médica ginecologista para que pudesse acompanhar o meu caso.
Tive que passar primeiramente com uma médica, clínica geral; ela me pediu que eu fizesse exame de sangue e que se fosse possível trouxesse os meus antigos exames.
Consegui agendar o exame de sangue, como sempre desmaiei já que tenho pânico de agulhas, só o Diego para segurar a minha mão e tentar me socorrer.
A enfermeira deu a data que o resultado do exame sairia, completou dizendo que não era necessário vir até o hospital, apenas retirar no GP.
Ok! Assim que ficou pronto, conversei com a recepcionista do GP.
A recepcionista, analisou o meu cadastro e encontrou o resultado do exame.
- Está tudo bem com o seu sangue Carolina Farani, disse a  recepcionista
Ela ficou olhando fixamente para os meus olhos, como se estivesse esperando eu sair do lugar, foi uma espécie de “até logo e volte sempre!".
- Ok! Pode imprimir o resultado para que eu possa mostrar para a médica? (eu)
- Não será necessário, está tudo nos arquivos, mas eu posso imprimir para você se quiser. A impressão é paga. (recepcionista)
Nem quis saber de imprimir, falou em gastar estou fora.
Sem mais delongas, ela me pediu para vir bem cedo no dia seguinte, para que pudesse agendar com a médica.
Ás 8h00 da manhã, estava na porta da clínica, ao falar com a mesma recepcionista ela me falou:
- Sinto muito a Dra. Tuli estará de folga alguns dias...
Antes que ela continuasse, comentei:
- Pôxa! Mas a senhora me disse para vir logo cedo para eu poder agendar com essa médica, realmente preciso falar com ela e explicar a minha situação.
- Mas não tem o por que de se preocupar; o seu exame de sangue está bom.
-Olha! Eu fiz uma cirurgia no começo do ano delicada, tive que tirar um tumor benigno do útero.
-Não acho que seja sério.
Nervosa, mostrei o corte da minha barriga para poder mostrar para recepcionista que eu não estava brincando.
Depois de muita insistência, no mesmo dia fui nessa médica, às 9h00 h da manhã.
Por que a recepcionista não queria que me consultasse, eu não sei; vai ficar esse mistério no ar.
A médica, analisou o meu exame de sangue e como a recepcionista disse que estava ótimo.
Expliquei que eu me sentiria mais segura se eu tivesse um acompanhamento ginecológico.
- Mas para quê você que ir ao ginecologista?
- Dra. fiz uma operação recente e gostaria de saber se está tudo certo com o meu útero, além de ter um ginecologista de confiança para que eu possa frequentar.
Após me olhar e respirar profundamente, me deixou bem claro que não funcionava desse jeito, se eu quisesse ser examinada, ela poderia fazer isso.
Depois de muita insistência e apalpadas na minha barriga dizendo que eu não precisava, enfim ela sentiu o meu desespero e marcou o ultrassom.


 Parte2
O ultrassom foi marcado para o dia 25/01; ainda não aconteceu.
Enquanto isso outro problema se formava, meu anticoncepcional estava acabando, estava nos últimos dias.
Fui até o GP, dessa vez a minha “recepcionista favorita" estava ocupada.
Sabe aquela sensação de que não vai adiantar nada conversando com qualquer uma delas, pois é, eu tinha razão.
Sem muita simpatia a recepcionista me ouviu, anotou um número de telefone e hospital falando que eles me informariam melhor.
Santo Deus! Eu só quero saber como faz para retirar o meu anticoncepcional de graça.
Nesse momento minha mãe deu uma dica pelo whatssap: procurar um planejamento familiar; foi uma de suas pacientes que morava em Londres, que informou.
O Diego, fazendo seu papel de marido preocupado, ajudou a pesquisar o lugar mais próximo desse planejamento familiar.
Bingo! Tinha um perto de casa.
Ao chegar nessa clínica grande, fiz todos os procedimentos, preenchi formulário, medi altura, chequei meu peso e falei:
- Preciso de anticoncepcional de graça.
Após esperar uma hora e meia, a Dra. Anne Rose me atendeu. Antes de eu abrir minha boca, novamente precisei preencher com ela uma espécie de mini histórico ao meu respeito.
Ao ver a maca de exames e ir com a cara da médica, eu estava confiante que dessa vez daria certo.
Após preencher o mini histórico, tirei da minha bolsa a cartela do Q-Laira.
Ela se espantou, falando que não tinha esse no estoque e sim outros.
Se eu quisesse esse anticoncepcional eu teria que ir ao GP novamente e pedir para a médica me orientar.
Desiludida, estava totalmente decepcionada com as idas e vindas ao GP.
Decidi então que o melhor a fazer era ir em uma farmácia e comprar.
Com o dinheiro na mão e confiança nos olhos fui até a Boot's mais próxima de casa.
Conversei com a moça da parte dos medicamentos; ela simplesmente pediu para preencher um formulário e esperar.
Após um longo tempo, fui atendida em uma salinha por uma médica ou farmacêutica, tive minhas dúvidas.
Mais uma vez preenchi um mini histórico; ela aferiu minha pressão e conversarmos um pouco.
Ao tirar o Q-!aira do bolso, mais uma vez a cara de espanto. Parecia até um remédio tarja preta, essa era a sensação que eu tive!
Antes dela falar qualquer coisa, comentei que queria comprá-lo, pois sabia que não podia obtê-lo de graça.
- Carolina, esse anticoncepcional é o top do top. Creio que não tem como.
- Por que?
Essa moça me deu uma aula de anticoncepcionais, falando o que cada um fazia no organismo, elogiando o anticoncepcional que eu utilizava.
Depois de tanto blábláblá, ela enfim me deu um anticoncepcional que eu nunca tinha ouvido falar.
- Desculpe! Para quem usa o Q-Laira é muito difícil aceitar qualquer outro anticoncepcional. Utilize esse e se você gostar, lhe darei mais cartelas.
- E como faço para obter o Q-Laira?
- Ah! Claro, você vai precisar ir a um médico privado para que prescreva para você.
Para mim a conversa acabou ali, coloquei na minha cabeça que não ia usar porcaria nenhuma e que se danasse tudo.
Diego, fazendo agora o papel de marido irritado, entrou na internet e encontrou uma farmácia online.
Depois de preencher um formulário igual aos demais preenchidos anteriormente, recebi uma prescrição médica online.
Comprei três cartelas de Q-laira  por £40,00.
No dia seguinte com receio fui pegar as minhas cartelas do Q-laira na farmácia que o meu email indicava.
Fui atendida por uma farmacêutica que fez todo aquele esquema de preencher formulário.
“Essa merda não vai dar em nada, vou perder dinheiro", eu pensava.
Bingo! Consegui as minhas cartelas.
Não entendo tive que dar vários loops para obter o que eu queria, foi tanta história para eu conseguir online o Q-laira, que mais parecia um medicamento proibido.
E quanto ao outros anticoncepcional que me deram, falaram que era bom para o crescimento das plantas, coloquei no vaso delas.
Realmente estão lindas!